domingo, 21 de outubro de 2007

Metal: A Headbanger’s Journey

É no mínimo engraçado que a música ambiente na sala do cinema enquanto esperávamos o filme começar era música clássica. Especialmente sendo que o filme que todos estávamos esperando para ver era o documentário Metal: A Headbanger’s Journey. Este fato torna-se ainda mais engraçado e irónico quando descobrimos, já no começo do filme, que uma das influências do que nós chamamos Metal foi exatamente a música clássica.

Um dos principais triunfos do documentário é precisamente isso. O antropólogo e metaleiro, como ele mesmo se classifica, Sam Dunn consegue lever o público numa facinante e correta jornada das origens do metal e como este gênero musical se tornou o fenomeno que ele é hoje. Dunn consegue fazer isto enquanto responde a pergunta de porque “o metal é o gênero musical mais odiado e o mais amado que existe”. Por manter uma visão bem pessoal durante toda a jornada, algo inevitável com a narração em off que o Dunn faz durante o filme, é inevitável também que o documentário se transformasse num clube do qual apenas os verdadeiros metaleiros teriam a capacidade de apreciar e entender.

Eu não sou uma amante do metal. Eu não “vivo” esse estilo de vida, como fala o filme. Entretanto, tenho que dizer que as últimas palavras que Dunn falou me machucaram. Só porque eu não “amo” o metal não quer dizer que eu não possa ou não tenho a capacidade de entender esse gênero musical ou o que ele representa. O que acontece com aqueles que, como eu, gostam da música, gostam de escutá-la, mas não se definem como fazendo parte dessa subcultura? Dizem que os fãs de punk são as pessoas mais elitistas que existem, que eles não deixam os ouvintes de punk escutarem mais nada porque isso tiraria a sua autenticidade punk. Mas depois de ver este documentário tenho que dizer, metaleiros são iguais. Se você não se classifica como um “metaleiro” você não consegue entender a música? Isso me parece bastante elitista.

Dito isso, eu amei o filme. O documentário foi capaz de transbordar, mesmo para um fã de metal não digno desse título, como eu, de acordo com o filme, a essência do metal. Ele mostrou a razão pela qual este gênero musical é maravilhoso e porque ele continua vivo até hoje com um número de seguidores gigantesco. Finalmente, talvez sem querer, Dunn conseguiu mostrar a todos aqueles que ainda acreditam que o metal é “a música do demônio” que, na realidade, ela não é. O metal é apenas mais uma subcultura musical como tantas outras existentes. A diferença é, aqueles que vivem esse estilo de viva realmente o vivem, e nunca param de vivê-lo.

- Gabriela Becker

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